Escrever pra mim é um ato divino, uma relação simbiótica entre criador e criatura, um tecer com letras, palavras, frases, sentidos e sentimentos; um estado de absorção, acolhimento de fatos e almas, pois tudo que cabe num texto tem um pouco da essência do narrador e de quem foi narrado, tem muito de quem foi refletido, da inconformidade do artigo, do elogio, da crítica e do fato noticiado.
Muitos amigos me perguntam de onde vem minha relação com a escrita; costumo dizer que vem muito antes da própria escrita, vem antes até da alfabetização, vem principalmente da minha (nossa) necessidade de se comunicar.
A cultura é uma área do conhecimento tamanhamente relacional pelo seu poder de abrangência e desde quando nascemos estamos inseridos dentro de um contexto cultural, esse precede qualquer outro, inclusive precede a própria educação formal. O ato de se comunicar vem dos primórdios, os homens das cavernas já expressavam o desejo de estabelecer comunicação com os outros através de desenhos. A criança, antes mesmo de saber escrever, estabelece diálogo com os adultos através de seu balbuciar…
Falar é o passo primeiro da escrita, pois só escreve aquele que conhece o assunto… Mais adiante ler é uma ferramenta primordial para a boa escrita, principalmente para ampliar seu repertório linguístico.
O gosto pela leitura veio também pela mente inventiva, pelo desejo de criar coisas, sonhos, imagens, daí vieram textos e mais textos…
Durante uma fase de minha adolescência eu fiz por muitos anos um exercício que eu mesmo inventei para me desafiar… Eu escolhia uma palavra, objeto, lugar ou qualquer outro aspecto que fosse mais difícil para se iniciar uma redação e daí por diante meu desafio era construir relações de significados com esse germinal… Evidentemente alguns textos saíram muito ruins, tenho centenas deles guardados até hoje, pois gosto de comparar quem eu fui ontem com quem sou hoje, esse diálogo com diferentes versões de nós mesmos se torna muito interessante com o passar dos anos; eu recomendo.
Sou de uma época em que não havia computadores tão facilmente à disposição como hoje, por isso guardo meus milhares de escritos à mão em pastas quase carcomidas pelo tempo; mas que carregam em si a vontade de ler o mundo através de um olhar sensível.
Escrever bem é um dever de todo profissional não apenas daqueles profissionais que usam diretamente a língua portuguesa como ferramenta de trabalho; mas é muito bonito ver uma pessoa criar um texto com coesão, bem argumentado e com referências interessantes.
Construir as futuras gerações de leitores e escritores é um compromisso de todos nós. Vamos incentivar nossas crianças a experimentarem o prazer da leitura e da escrita. Pequenos gestos fazem toda a diferença nessa construção. Vamos juntos, letra por letra, pra criar um lindo poema! Seja essa nossa bandeira, seja esse nosso lema!
