Educação

A questão da dissertação argumentativa nos concursos públicos para professores e como se preparar para ela

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Hoje trago para vocês um assunto muito importante para nós educadores, a dissertação, e para refletirmos sobre isso vamos analisar a opinião de uma grande profissional, a Professora Mônica Cardoso Pereira, formada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Espanhol. Atualmente brilha nas telas do Centro de Mídias da educação de São Paulo, leciona para Educação de Jovens e Adultos na escola Beit Yaacov  e no  curso preparatório para concursos públicos da educação o SPconcursos. 

Vamos acompanhar!

Nos últimos anos temos nos surpreendido com essa nova exigência dos editais para ingresso de professores às escolas públicas: a produção textual no modelo dissertativo-argumentativo, muito semelhante aos exigidos nos exames vestibulares. Já estávamos acostumados a nos preparar para as questões dissertativas, de caráter classificatório e de suma importância para a aprovação. Porém esta nova alteração no modelo de prova nos mostra que a exigência cresceu e que os professores devem estar preparados para dissertar sobre as questões da atualidade.

            O ato de dissertar é algo inerente ao professor. Nós, educadores, principalmente os atuantes em escolas públicas, estamos sempre alertas às questões atuais, aos acontecimentos polêmicos e fatos do cotidiano e estamos sempre dispostos a entregar nossa opinião aos demais colegas de trabalho, aos nossos alunos, seja em nossas falas pontuais, seja nos exemplos utilizados para ilustrar nossas aulas.

            Dito isto, resta-nos a preocupação com a escrita. É muito comum que professores tenham facilidade com a linguagem oral, que sejam bastante desenvoltos e desinibidos e que consigam expressar-se muito bem nas mais diversas situações. Mas colocar as ideias no papel, principalmente a defesa de argumentos, pode não ser das tarefas mais fáceis. Articular teses em quatro, cinco parágrafos acerca de um assunto específico – que tende a envolver polêmicas – requer habilidades escritoras que precisam ser treinadas, adquiridas com muito esforço e exercícios. Isto porque a linguagem escrita aciona conhecimentos e áreas do nosso cérebro diferentes da oralidade. Então, é normal sentir insegurança neste processo e buscar ajuda.

            Professores em sua maioria são pesquisadores, nunca param de estudar, estão sempre em contato com textos científicos e acadêmicos, porém a produção de material deste tipo nem sempre faz parte da nossa rotina, pois o trabalho escolar nos exige alta demanda de tempo e, não raro, professores acumulam cargos e sobrecarregam sua jornada, o que lhes impede de dedicar tempo ao ofício de criar sobre o papel. Tal ofício é eficiente quando resultado de muito treino, de muito envolvimento, de horas e horas dispendidas à árdua tarefa de sintetizar as muitas ideias que temos sob uma folha em branco ou documento. A brilhante Virgínia Wolf afirmava que “a escrita não é senão ritmo”, quer dizer, precisamos nos engajar em praticar escrita para estarmos preparados para estes momentos em que a dissertação pode ampliar nosso leque de oportunidades profissionais.

            Sendo assim, não demore para praticar! Eu, enquanto professora de Português, posso atestar que o melhor caminho é este: o de buscar escrever todos os dias, utilizando linguagem padrão, estratégias textuais de coesão e coerência e acionando seus conhecimentos prévios. Se você simplesmente não sabe como começar, aí vão algumas dicas:

  • Não se faz necessário que todos os dias você escreva em gênero dissertativo, mas é importante escrever. Portanto você pode simplesmente começar com descrições simples de objetos, pessoas (conhecidas ou não), fatos ou algum acontecimento que tenha te marcado, partindo das características mais simples até as mais complexas. Exemplo: certo dia você pode se desafiar a escrever sobre uma maçã. A priori você destaca suas características físicas, sua cor, tamanho, forma, cheiro, sabor e para isso utilizar o maior número de palavras que puder! Feito isto, num próximo parágrafo você pode escrever sobre coisas aleatórias que estejam em seu imaginário relacionadas à maçã que podem ser reflexões, memórias afetivas, entre outros. E assim sucessivamente a cada dia de treino de escrita, até que você perceba que já ganhou ritmo e consegue colocar um bom número de palavras para o tema escolhido;
  • Sabe aqueles passatempos de palavras que a gente compra nas bancas de jornal: caça-palavras, palavra cruzada, criptograma etc.? Pois saiba que eles são muito úteis para que nos familiarizemos com o universo das palavras, para que ganhemos repertório linguístico, ampliemos o léxico para desenvolver as questões do campo semântico, pois nas produções textuais dissertativas é importante que a progressão temática ocorra com fluidez, evitando repetições de termos e palavras. Se temos um vocabulário apurado, conseguimos identificar tais redundâncias e trocá-las pelos devidos sinônimos;
  • Ler, ler e ler! Não me refiro somente à leitura de clássicos e textos acadêmicos. Refiro-me também em realizar a leitura dentro do seu cotidiano. Se você está na sua cozinha, desenvolva a curiosidade de ler os rótulos dos produtos, por exemplo. Se você está num momento de relaxamento e com celular na mão, leia aqueles “textões” das redes sociais. O importante é que a leitura, principalmente a leitura-prazer (aquela em que buscamos lazer na leitura de textos), faça parte do seu cotidiano;
  • Busque por podcasts e/ou vídeos de pessoas que primam pela fala formal. No nosso dia a dia estamos acostumados a utilizar a linguagem informal, sem nos preocuparmos com as questões normativas da língua. Por isso é muito importante também exercer a escuta ativa de indivíduos comunicando-se em português padrão para que possamos desenvolver o hábito de pensar num texto (ou num discurso) com este nível mais formal de linguagem.

Acredito que a dissertação dentro de um concurso público é de suma importância, pois nos permite espaço para a reflexão e desenvolvimento das habilidades relacionadas à escrita, as quais podem ajudar o professor no seu trabalho, além de estabelecer um bom método de seleção profissional para a rede.

Professora Mônica Cardoso Pereira, formada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Espanhol.

Lidiane Siqueira é Professora , Supervisora de Ensino da Prefeitura de Guarulhos , Educadora e Empresária.

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