Com o triste caso da menina de 10 anos que engravidou, vítima de estupro, como não pensar em educação sexual para crianças e adolescentes? É claro que levar tal educação a essa faixa etária é uma tarefa complexa para pais e um desafio para as escolas, o que não pode acontecer é fugirmos do assunto. Se por um lado, estudiosos e profissionais da educação, profissionais da área de Psicologia e outras defendem que a criança aprenda desde cedo diferenciar carinho de um toque indevido em seu corpo, pois isso, na visão profissional, ajudará a combater o abuso infantil, por outro, há uma ideia preconcebida de que isso vai sexualizá-la.
Particularmente, acredito ser importante reforçar que se o tema for tratado com naturalidade desde cedo, mais fácil se tornará quando eles forem crianças maiores ou adolescentes. Além disso, é preciso que eles compreendam o que de fato ocorre quando houver um comportamento abusivo por parte de um adulto ou de crianças mais velhas.
Os dados divulgados no ano passado, no 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública, nos trazem um índice alarmante, pois neles registrou-se o recorde da violência sexual. Segundo levantamento das denúncias feitas por meio do Disque 100, dos 159 mil registros feitos ao longo de 2019 pelo Disque Direitos Humanos, quase 90 mil são de violações de direitos de crianças ou adolescentes, um aumento de quase 14% em relação a 2018.
A maioria das vítimas (55%) é de meninas de até 13 anos. Conforme a estatística, das Secretarias de Segurança Pública de todos os estados e do Distrito Federal, quatro meninas até essa idade são estupradas por hora no país. Ocorrem em média 180 estupros por dia no Brasil.
Todos somos responsáveis por mudar essa realidade.
Para isso é importante manter um diálogo com crianças e adolescentes, estar atento, observar quaisquer mudanças nas reações deles e não fechar os olhos. Se você testemunhar algo, souber ou suspeitar de violências sexuais, denuncie! O principal canal de denúncias é o Disque 100, mas é possível acionar os Conselhos Tutelares, Ligue 180, Delegacias de Polícia, Ministério Público, Defensoria Pública, aplicativo Direitos Humanos BR ou, ainda, o canal da Safernet Brasil para denúncias de crimes online. O importante é não se calar ou se omitir.
Esteja atento!
