Todas as refeições são muito importantes, mas a matutina é a principal delas. Se você tem ausência de fome pela manhã, normalmente com pouca ingestão de alimentos ou ausência de desjejum, sente muito sono durante o dia, possui dificuldades para começar a dormir e excesso de fome noturna, você pode estar sofrendo da Síndrome da fome Noturna e precisa de ajuda.
Essa síndrome é bastante comum e está presente em 25% da população que sofre aumento de peso. Os fatores que a desencadeia, ainda não estão totalmente claros, mas há a hipótese da existência de um desequilíbrio em alguns fatores de regulação neuroendócrina relacionados ao ritmo circadiano, ou seja, alguns hormônios como a melatonina, liberada durante o sono junto com a serotonina, têm ação no controle do ritmo circadiano, que nada mais é do que o equilíbrio que ocorre no nosso organismo durante a noite e o dia ou durante o sono e a vigília juntamente com todos os ajustes que se fazem necessários em nosso corpo. Um desajuste entre a melatonina, os clock genes (reguladores de oscilações circadianas) e a serotonina reflete nas pessoas com a Síndrome da fome noturna fazendo com que sintam fome à noite e percam o apetite durante o dia, além de causar problemas com o sono.
A pessoa que sofre desse transtorno acaba se alimentando a noite para se sentir mais calmo, ajudando no processo do adormecer.
Como identificar se o indivíduo tem necessariamente a hiperfagia noturna (Síndrome da fome Noturna)
Se a ingestão noturna (depois das 19h) for 50% da ingestão alimentar durante o dia, ou acordar à noite para comer com consciência do ato duas ou mais vezes por semana já é considerado um grande indicativo. Abaixo contam outras características e se pelo menos três delas se encaixam nos sintomas, pode-se dizer que a pessoa sofre da Síndrome da fome noturna.
- Humor deprimido ou ansiedade que piora durante a noite, deixando a pessoa mais agitada, irritada ou deprimida.
- Forte necessidade de comer entre o jantar e o início do sono e/ou durante o despertar noturno;
- Ausência de apetite matinal, em que o indivíduo não se alimenta no café da manhã ou não come pelo menos até as 12:00 horas em quatro ou mais manhãs por semana;
- Insônia, definida como dificuldade de dormir ou permanecer dormindo, pelo menos quatro a cinco vezes por semana;
- Crença de que comer é necessário para iniciar ou voltar a dormir.
Um dos principais problemas da Síndrome da fome Noturna está relacionado ao aumento de peso e suas consequências como, por exemplo, a Síndrome metabólica. As pessoas que sofrem dessa doença preferem alimentos muito calóricos, ricos em gorduras e com deficiência em fibras, como o chocolate. Essa preferência existe, pois esses alimentos conseguem ativar os centros do prazer no cérebro.
Qual tipo de pessoas que são mais suscetíveis a desenvolver a Síndrome da fome noturna?
Em relação a sexo, qualquer um pode desenvolver, mas alguns estudos demonstram uma frequência pouco maior no sexo masculino.
Pessoas com quadros de depressão, ansiedade e que já apresentam fatores que interferem no ritmo circadiano como trabalhadores noturnos apresentam maior predisposição a essa síndrome.
Complicações
Devido ao aumento de peso há consequências como a síndrome metabólica que nada mais é do que o aumento de pressão, surgimento de diabetes e alteração de colesterol.
Pessoas que trabalham em turnos alternados têm padrões diferentes de sono durante as 24 horas devido às mudanças na sincronização dos seus ritmos corporais com o ciclo de claro e escuro.
Através de estudos realizados, foi possível observar que a obesidade é mais comum em pessoas que trabalham em turnos noturnos, em comparação com pessoas que só trabalhavam em turnos diurnos.Essas pessoas apresentaram aumento de gordura no sangue (triglicérides) e diminuição do colesterol bom, aumento de açúcar no sangue, colesterol, pressão arterial, circunferência abdominal e Índice de Massa Corporal (IMC).
Tratamento
Assim como outras doenças, existem várias formas de tratamento para a Síndrome da fome Noturna.
A primeira opção é o tratamento comportamental com psicoterapia e mudanças de hábitos de vida. Em algumas situações é necessário consultar um endocrinologista para a introdução de medicação. Existem alguns hábitos que podem ajudar a atenuar o problema. São eles;
- Evitar o jejum pela manhã. Tomar café da manhã regularmente é fundamental e de extrema importância.
- Fracionar a alimentação durante o dia de forma equilibrada e saudável. Não comer demais em uma refeição e durante a outra comer pouco.
- Se alimentar em horários regulares sem modificá-los frequentemente. Adotar uma rotina pode ajudar, pois horários estruturados de comer e dormir irão auxiliar a distribuir sua ingestão de alimentos ao longo do dia para que você sinta menos fome à noite