Brasil Direitos Humanos

CASO HENRY – Proteção da criança e do adolescente é um dever de todos

Compartilhe nas redes sociais!

Desde o início das investigações do caso do menino HENRY, qualquer pai e mãe que se preze, que cumpra com sua missão de cuidar e zelar por uma vida, já desconfiava de que havia nessa história, peças que não se encaixavam, fatos mal contatos até chegar em tons tão absurdos de crueldade, que se assemelham a um enredo de filme de terror.

Com o avançar das investigações a polícia conseguiu recuperar mensagens nos celulares apreendidos da mãe e do padrasto da criança e nessas mensagens, reveladas em coletiva de imprensa nesta manhã, há diversos indícios e provas contundentes das agressões que o garotinho de quatro anos sofria nas mãos do padrasto, bem como a omissão tamanhamente cruel da mãe.

Não falo apenas com a propriedade de alguém defensor dos direitos da pessoa humana, falo também com a sensibilidade de pai, falo com uma dor arrebatadora no peito, um misto de tristeza em imaginar o sofrimento dessa criança e revolta pela negligência da babá que não denunciou, da mãe que cruelmente se omitiu em ver seu próprio filho ser torturado e principalmente da brutalidade de uma mente criminosa desse médico-monstro.

São muitos os requintes de crueldade além do já aterrorizante crime cometido; desde a frieza de uma mãe que presta um depoimento falso à polícia e sai de mãos dadas com o algoz de seu filho, como se nada demais tivesse acontecido, até a morbidez dessa mulher que no dia seguinte ao assassinato do próprio filho vai ao cabeleireiro. Que mãe se preocuparia em ficar bonita no dia após ao enterro do filho? Mas não há estética capaz de embelezar uma alma apodrecida.

A polícia também estranhou a urgência que o padrasto queria que acontecesse o enterro do menino, não querendo que houvesse autópsia; uma maneira de ocultar provas evidentes para os médicos que atenderam a criança na emergência do hospital.

A alegação da mãe e do padrasto era de que o menino caiu da cama; mas não precisa ser especialista pra saber que uma queda da cama não causaria diversos hematomas em diferentes regiões da cabeça, escoriações em várias partes do corpo, rompimento do fígado e hemorragia interna na criança.

Me impressiona também saber que a genitora é uma professora de ensino infantil e sua postura, por natureza, deveria ser sempre de proteção. Mais apropriado a nomenclatura de genitora, porque mãe, não se aplica ao caso. É inconcebível imaginar que uma “educadora” se calou, não denunciou; ainda mais a vítima sendo seu filho.

É uma história pertubadora e que aponta a urgência, de todos nós, sermos mais vigilantes para a proteção integral das crianças e adolescentes.

Para mim não há nada mais sagrado do que o olhar de uma criança, a pureza da alma de uma menino que só quer ser criança.

“…papai deixa eu ficar aqui. Eu não quero ir pra casa…”

Essa foi a última fala do menino Henry ao seu pai no dia em que foi levado de volta para a casa da mãe e do padrasto, horas antes dele ser brutalmente assassinado.

Mas como o pai poderia imaginar o que aconteceria? A investigação já comprovou que o pai do menino era afetuoso e presente com o filho. Me solidarizo com a dor absurda desse pai.

Essa fala tão ingênua, nos monstra muito. Todos nós, pais e mães, devemos ouvir atentamente nossas crianças.

Essa história dilacerante afeta a todos nós, pais, mães, filhos, seres humanos com capacidade de sentir, de se por no lugar do outro; uma história que nos ensina de uma forma tão dura e triste que é dever de TODOS proteger nossas crianças. Muitas perguntas ficam no ar… Se o pai tivesse atendido o pedido do menino e o deixasse ficar??? Se a babá denunciasse as agressões à polícia meses antes do fatídico assassinato??? Se a mãe tivesse impedido o crime e denunciado o namorado à polícia??? O fato é que o menino Henry jamais poderá ter o direito de estudar, de brincar, de ser feliz, de curtir os avós, de crescer, de ter uma história de amor, de viver…

Tiago Ortaet

Professor e escritor, atualmente está diretor de direitos humanos da cidade de Guarulhos

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *